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sábado, 17 de agosto de 2013

Segurança do trabalho no meio rural (3º parte) – Armazenagem: Armazéns e Silos


As maiores ameaças à integridade física ao trabalhador na parte de armazenagem estão nas operações de limpeza e manutenção de máquinas dentro dos armazéns. Nos armazéns, em geral a causa de acidentes está relacionada aos elevadores e ao empilhamento de sacas. Há também, casos de objetos caídos de alturas, liberação de gases tóxicos em função da fermentação de grãos e ainda “afogamento” de pessoas na soja. [1]

No caso de armazenagem em silos, estes são ambientes perigosos, classificados como espaço confinado. Exemplos de espaços confinados que podem ser encontrados nas diversas atividades ligadas à agroindústria são: tonéis (de vinho/aguardente, p.ex.), reatores, colunas de destilação, vasos, cubas, tinas, misturadores, secadores, moinhos, depósitos e outros. Um espaço confinado apresenta sérios riscos com danos à saúde, sequelas e morte. São riscos físicos, químicos, ergonômicos, biológicos e mecânicos.


Vejamos alguns dos riscos dos acidentes em Silos e Armazéns agrícolas:
  • Explosões;
  • Problemas ergonômicos;
  • Lesões do trato respiratório (poeiras) e do globo ocular;
  • Riscos físicos (ruído, iluminação, umidade, vibrações, etc.); e
  • Acidentes em geral (quedas, sufocamento, etc.).

Em 2009, o setor de armazenamento, que inclui o trabalho em silos, registrou 2.121 acidentes. Em 2008 foram registrados 100 a menos (2.021), em 2007, o número foi ainda menor, 1.648 acidentes de trabalho. (REVISTA PROTEÇÃO, 2013[2]).
 “As deficiências que levam a sérios acidentes, muitos deles com perdas de vidas são por quedas de altura, asfixia na massa de grãos, intoxicação, choque elétrico e alto potencial de riscos de incêndios e explosões devido ao acúmulo de poeiras no interior do silo e as que ficam depositadas nas máquinas e nos equipamentos elétricos” (RANGEL JR., 2011 apud AMARILLA et al, 2012[3]).
O delegado Suede Dias, do Mato Grosso, relatou que já é o sétimo trabalhador que morre em silos de armazenagens de grãos, somente neste ano de 2013, em todo o estado. Segundo ele, em muitos casos, os acidentes são ocasionados pela falta de estrutura dos locais e segurança. E enfatiza que “é urgente a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego sobre as condições dos silos de armazenagem, já que a maioria deles não possui sequer um técnico de segurança do trabalho.  Estes acidentes têm sido constantes e tem que haver alguma forma de diminuir os índices'', alertou o delegado[4].

Para aprimorar a prevenção, analise alguns casos de acidentes acontecidos em silos de armazenagem, a maioria em 2013:
Máquinas e equipamentos:
Trabalhador morre triturado em silo de armazenamento de grãos no MT
http://www.tribunahoje.com/noticia/62461/brasil/2013/05/02/trabalhador-morre-triturado-em-silo-de-armazenamento-de-gros-no-mt.html
Soterramento e asfixia mecânica:
Homem morre asfixiado em silo de soja. 
http://www.diarioweb.com.br/editorial/corpo_noticia.asp?IdCategoria=62&IdNoticia=35716&IdGrupo=1
Trabalhador morre soterrado em silo de grãos no porto graneleiro da Capital
http://www.rondoniaovivo.com/noticias/trabalhador-morre-soterrado-em-silo-de-graos-no-porto-graneleiro-da-capital/103234#.Ug1f-9LU-So
Trabalhador que limpava silo de armazenagem de grãos fica soterrado em MT
http://www.expressomt.com.br/matogrosso/trabalhador-que-limpava-silo-de-armazenagem-de-graos-fica-soterrado-em-mt-71448.html
Explosão:
Silo de grãos explode em Júlio de Castilhos: Duas pessoas estão desaparecidas
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=364547
Asfixia por gás tóxico formado no silo:
Funcionário morre em poço de silo com 10 metros de profundidade em Paraíso
http://tvsudoestewebfly.hospedagemdesites.ws/noticia.php?noticia=362

Quedas

Trabalhando em alturas consideráveis, é comum o funcionário sentir uma tontura, se assustar com aves que costumam fazer ninho no interior dos silos, ou ter algum tipo de descuido e cair.
Para prevenir acidentes devem ser usados equipamentos adequados, como as cadeirinhas de segurança, que prendem o trabalhador pela cintura a partes firmes da estrutura do silo.
Segundo Trecenti, há também perigos naturais nos silos e armazéns “as vezes na limpeza interna em elevadores, os funcionários não põe um sistema de iluminação. Ele esquece que tem possibilidade de que uma cobra tenha entrado, porque se tem alimento, pode ter rato, se tem rato, tem cobra. Então ele desse um fosso de elevador e acaba sendo picado.”

Risco de Explosões (para se aprofundar mais[5])

As indústrias que processam produtos alimentícios e as unidades armazenadoras de grãos, apresentam alto potencial de risco de incêndios e explosões, pois o trabalho nessas unidades consiste basicamente em receber os produtos, armazenar, transportar e descarregar. O processo inicia com a chegada dos caminhões graneleiros e ao descarregar seu produto nas moegas, produzem uma enorme nuvem de poeira, em condições e concentrações propícias a uma explosão.
Esse acúmulo de poeiras no local de trabalho, que fica depositada nos pisos, elevadores, túneis e transportadores, apresentam um risco de incêndio muito grande. Isso ocorre quando, uma superfície de poeira de grãos é aquecida até o ponto de liberação de gases de combustão que, com o auxílio de uma fonte de ignição com energia, dá início ao incêndio. Além disso, a decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis; se a umidade do grão for superior a 20%, poderá gerar metanol, propanol ou butanol. Os gases metano e etano, também produzidos pela decomposição de grãos, são igualmente inflamáveis e podem gerar explosões.
O milho é considerado um dos grãos mais voláteis e perigosos, embora toda poeira de grãos possa ser tida como muito perigosa. Nos Estados Unidos, que estudam as explosões de poeira de grãos há mais tempo, recomenda-se que a concentração máxima de poeira de grãos no ambiente de trabalho seja de 4 g/m3 de ar. A faixa mais perigosa para gerar uma explosão, varia entre 20 e 4.000 g/m3 de ar.
A ventilação local exaustora é a solução ideal. Ela tem como objetivo principal a proteção da saúde do trabalhador, uma vez que capta os poluentes da fonte, antes que os mesmos se dispersem no ar do ambiente de trabalho, ou seja, antes que atinjam a zona de respiração do trabalhador. Os sistemas de controle de particulados para a atmosfera são compostos basicamente de:
·         Captores no ponto de entrada ou de captação;
·         Dutos para o transporte do produto granulado;
·         Ventiladores industriais para mover os gases, e;
·         Equipamentos de coleta de poeiras (filtros, ciclones, lavadores e outros).

Asfixia e soterrameto

Nos silos grandes, quando o operário entra sozinho no seu interior e tentar andar sem o cinto de segurança sobre a superfície dos grãos, aparentemente firmes, estes podem ceder e soterrá-lo completamente.



A fermentação de grãos molhados pode reduzir o oxigênio no interior do armazém e matar por asfixia.
Trecenti relata um fato ocorrido no Sul do país. Um funcionário do armazém desceu à parte subterrânea de um silo e, passada meia hora, não voltou. Um segundo funcionário foi procurá-lo e também não retornou. Desceu o terceiro funcionário para averiguar e também ficou por lá. Foi, então, que resolveram chamar os bombeiros, que como primeira providência fizeram o monitoramento das condições do interior do silo. Resultado: o nível de oxigênio estava em 10%. Abaixo de 18% já é fatal para o ser humano.
Há leis especificas para atuar nesse tipo de ambiente, e a responsabilidade é do empregador treinar o operador e fornecer EPI, além de instalar e manter íntegros os EPC. Além, disso toda a prevenção deve ser fortalecida com palestras, SIPAT, diálogos de segurança e formação de comissões internas de prevenção de acidentes.





Quer saber mais:
[1] Este texto foi baseado no texto de Marcelo Pimentel, Dor de Cabeça, publicado na edição de setembro de 2003 da Revista Panorama Rural.

[2] Texto em: Silos podem ser fontes de graves acidentes de trabalho 

[3] AMARILLA et al, 2012. Aplicação das normas regulamentadoras para gerenciar os riscos na operação de silos metálicos. VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 8 e 9 de junho de 2012. 

[4] Trecho retirado de: 

[5] Riscos no Trabalho em Silos e Armazéns


A primeira parte do texto sobre saúde e segurança no meio rural está disponível em:


Segurança do trabalho no meio rural (2ª parte) - Emblagens de agrotóxicos


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