As microempresas e
empresas de pequeno porte, em conjunto com as médias empresas, possuem
participação econômica e social significativa no Brasil, bem como na maior
parte dos países.
As
principais contribuições das Microempresas e Pequenas Empresas (MPEs) são a
criação de novos empregos, a introdução de inovações, o estímulo a competição
econômica, o auxílio às grandes empresas com a distribuição e fornecimento de
bens e serviços e, a produção eficiente de bens e serviços (LONGENENECKER et al, 2007). Pode-se citar, além do
impacto econômico, o beneficio social dos pequenos empreendimentos:
“Empreendedores
montam negócios para realizar sonhos – deles próprios, de suas famílias, de
seus empregados ou da comunidade onde vivem. Quando escrevemos sobre pequenas
empresas, portanto, estamos escrevendo sobre indivíduos cuja vida empresarial
exerce um impacto sobre um grande número de pessoas” (Longenenecker et al, 2007 pág. IX)
Porém, os impactos ambientais
oriundos destas empresas são pouco estudados e, mesmo que suas ações não possam
ser comparadas em magnitude às das grandes empresas, quando em conjunto as
externalidades negativas que podem causar à comunidade não devem ser
negligenciadas.
Hillary
(2004) cita que apesar de constituir a grande maioria das empresas na Europa,
os impactos ambientais das empresas de pequeno porte são desconhecidos a nível
local e regional, mas há dados de que poderiam em conjunto contribuir com 70%
da poluição industrial dessa região.
Conforme
a publicação Industry and Environment,
UNEP (2003), na Índia estima-se que as empresas de pequeno porte em conjunto
com as médias, produzem mais de 65% de resíduos industriais. No Canadá e no Reino
Unido as emissões tóxicas a partir de instalações de indústrias de pequeno
porte aumentaram 32% entre 1998 e 2000, apesar de poluição industrial global
ter diminuído 4%. A ONG canadense The
Foundation for International Training, em um estudo recente na Província de
Jiangsu, China, levantou que 67,7% das empresas de pequeno porte estavam
produzindo intensa carga de poluição e 28,5% causavam uma poluição moderada
(UNEP, 2003).
Segundo estudo recente do Sebrae a maioria dos pequenos negócios praticam ações de sustentabilidade. Essa foi a principal conclusão de uma sondagem realizada pelo Sebrae, no começo deste ano, com quatro mil micro e pequenas empresas (MPE) de todo o país, dos setores de comércio e serviços (50%), indústria e construção civil (46%) e agronegócios (4%).
O objetivo era medir a percepção do empresariado sobre o tema sustentabilidade. A sondagem mostrou que pequenos negócios já adotam medidas importantes, como redução do consumo de água (80,6%) e de energia (81,7%), coleta seletiva de lixo (70,2%) e descarte adequado de resíduos tóxicos (65,6%), a exemplo de solventes e cartuchos de tinta.
“Esse conjunto de informações indica um enorme potencial para trabalhar a questão junto ao empresariado e para que ações de sustentabilidade sejam incorporadas. A proposta é mostrar que não há contradição entre o mundo dos negócios e a questão ambiental. Pelo contrário, a prática de ações sustentáveis é um importante diferencial no mercado. As MPE não podem ficar de fora do debate. Ignorar essa agenda significa menos competitividade", reforçou Luiz Barretto.
O diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, apresentou três casos de negócios de diferentes segmentos que apostaram nesse diferencial. A lavanderia Prillav (MT), a Pousada do Sol (SE) e a Cachaçaria Extrema (RN) investiram, respectivamente, R$ 150 mil, R$ 92 mil e R$ 230 mil em adaptações nas empresas para implantar ações sustentáveis. Com retorno médio de dois anos, os empreendimentos economizaram energia elétrica, água, embalagens e outros insumos.
"Existem sete mil lavanderias, 22 mil pousadas e 40 mil cachaçarias registradas no país. Se cada um desses empreendimentos adotarem mudanças, isso dá uma ideia do impacto que pequenas medidas podem ter quando adotadas em grande escala. O desafio do Sebrae é massificar essas iniciativas que são viáveis economicamente. As micro e pequenas empresas têm grandes possibilidades para inovar e as que não fizerem isso terão dificuldades de sobrevivência", advertiu Carlos Alberto dos Santos.
O diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, apresentou três casos de negócios de diferentes segmentos que apostaram nesse diferencial. A lavanderia Prillav (MT), a Pousada do Sol (SE) e a Cachaçaria Extrema (RN) investiram, respectivamente, R$ 150 mil, R$ 92 mil e R$ 230 mil em adaptações nas empresas para implantar ações sustentáveis. Com retorno médio de dois anos, os empreendimentos economizaram energia elétrica, água, embalagens e outros insumos.
"Existem sete mil lavanderias, 22 mil pousadas e 40 mil cachaçarias registradas no país. Se cada um desses empreendimentos adotarem mudanças, isso dá uma ideia do impacto que pequenas medidas podem ter quando adotadas em grande escala. O desafio do Sebrae é massificar essas iniciativas que são viáveis economicamente. As micro e pequenas empresas têm grandes possibilidades para inovar e as que não fizerem isso terão dificuldades de sobrevivência", advertiu Carlos Alberto dos Santos.
Gosto muito dessa fala de um entrevistado de um trabalho acadêmico que fiz sobre gestão ambiental e pequenas empresas do setor metalúrgico de Piracicaba, pois é uma visão
bastante rica da percepção dos benefícios da gestão ambiental para empresas de menor
porte:
“Diretamente,
a própria exigência dos clientes ‘ou você tem a certificação ou você deixa de
ser nosso fornecedor’ significa mantermos-nos competitivos. Então
obrigatoriamente teria [benefícios]. Eu vejo que do ponto de vista econômico,
olhando sob o ponto de vista de alguém que só pensa em retirar sem pensar na
comunidade, vamos fazer esse raciocínio: é mais barato você produzir agredindo
o meio ambiente, seria muito mais fácil, seria mais econômico. Seria isso se
você tem uma visão egoísta, não tem nenhuma preocupação com seu futuro ou com
as próximas gerações. Mas se nos pensamos que isso é um negócio que tem que
continuar, a idéia de uma empresa é se perpetuar, não é uma sociedade para fins
específicos que vai morrer ao fim do período, e sim que ela se perpetue. Então,
nós vivemos nessa cidade e precisamos fazer a nossa parte. E sabemos que, até
para a gente ter a água amanhã, se nós não cuidarmos disso aqui, se nós
poluirmos o lençol freático como é que vamos ter água boa amanhã para beber?
Como é que nossos colaboradores, se não são saudáveis, como é que vai ter
produtividade para ser competitivo? Então, volta a questão não é só consciência
ambiental, mas é a consciência do longo prazo. Você quer continuar vivendo?
Quer continuar existindo como empresa? Quer continuar sendo competitivo?
Se nós tivermos uma sociedade ruim
qual vai ser a produtividade dos nossos colaboradores? Qual vai ser o preço dos
nossos produtos?
Então, em uma primeira análise é mais
barato jogar fora que você não gasta nada, só que no longo prazo vai sair mais
caro. Ao longo prazo morre as condições.
Tem resíduos que poderiam ser
transformados em valor comercial, incentivo para os funcionários obterem
melhorias.
As grandes empresas já têm ações; o
que precisa é decretar essa consciência nas médias e pequenas empresas. É um
trabalho aí de muita paciência. Porque ainda existe uma idéia de que isso é
custo. Tem que mostrar que o custo é inóspito, ou se bem feito pode até gerar
lucro, tem que mostrar isso.”
Veja o estudo do Sebrae em:
Bibliografia:
HILLARY, R. Environmental
management systems and the smaller enterprise. Journal of Cleaner
Production, ed. 12, 2004: 561–569. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6VFX-4B1SK17-2&_user=5674931&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000049650&_version=1&_urlVersion=0&_userid=5674931&md5=76f42ad246c9176dde7cec434d116995>.Acesso
em: 24 março 2009.
INDUSTRY AND ENVIRONMENT, Volume 26, N° 4. Paris:
UNEP, 2003. Disponível em:
<http://www.uneptie.org/media/review/vol26no4/IE26_4-SMEs.pdf>. Acesso
em: 10 maio 2009.
LONGENECKER,
J. G. [et al]. Administração de pequenas empresas. São Paulo: Thomson Learnig,
2007.
SUCHÁNEK, Z. Environmental management systems for Small
and Medium-sized organizations (SMES). DHV, 2005. Disponível em: <http://www.ihi-zittau.de/bwl/veranst/eu_1jahr/Vortrag_Suchanek.pdf>.
Acesso em: 10 mar. 2009.
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