O que não agrega valor
ao produto é desperdício e precisa ser eliminado.
Gerenciar
desperdícios contribui para melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos
e serviços, além de minimizar danos ambientais, gerando maior valor para as
cadeias produtivas.
O objetivo da
eliminação do desperdício caracteriza uma produção que acrescenta valor
financeiro e ambiental.
Toda produção de bens e serviços é direcionada para a satisfação
plena do cliente o que requer diversas estratégias em um ambiente competitivo.
E ser competitivo geralmente implica em aumentar a capacidade de oferecer os
produtos que os clientes querem, pelos preços em que estão dispostos a pagar, no
momento que eles querem. Tudo isso implica em produzir com custos menores,
qualidade superior, ‘lead times’ curtos, para garantir assim rentabilidade
maior ao negócio.
Seguindo o principio de “Lean Thinking" (ou
"Mentalidade Enxuta") desperdícios envolvidos nas atividades do
negócio não geram valor para os clientes e, portanto não proporciona resultados
para a organização.
Os desperdícios muitas vezes são encobertos devido a
complexidade das organizações e de seus processos produtivos. Questões
ambientais como as emissões de gases, geração de resíduos, contaminação de
mananciais, uso excessivo de recursos hídricos e energéticos freqüentemente não
são identificadas como desperdícios do processo produtivo e, consequentemente,
de recursos financeiros.
Sob tal ótica a poluição é entendida como custo para a indústria
e não erroneamente como algo inevitável a produção. É o uso ineficiente de
matéria-prima e energia que não são transformadas em produto, devido a perdas
ao longo do processo. São, portanto recursos naturais e trabalho mal empregado que
não irão agregar nenhum valor, e ao contrário geram externalidades negativas
para toda a sociedade e contribuem para decair o valor presente e futuro das
organizações.
- Matérias-primas não convertidas
em produtos, por falta de eficiência na produção ou na conversão da
matéria-prima, ou produtos mal projetados.
- Perdas de matérias-primas e/ou
produtos, devido a especificações de produtos mal feitas ou gerenciamento
de estoques inadequados.
- Derramamentos e desperdícios ao
longo do processo produtivo, por falta de gerenciamento adequado, falta de
treinamento de pessoal, manutenção preventiva insuficiente ou inadequada,
layout mal planejado.
- Acidentes, por falta de planos de
prevenção, planos de riscos e atendimento a acidentes adequados.
- Perdas de recursos energéticos e
hídricos ao longo do processo, por falta de eficiência no planejamento,
projeto ou uso de energia e água.
A produção mal planejada traz consigo diversas conseqüências
ambientais e financeiras. Por exemplo:
- A fabricação de itens sem necessidade de produção
acarreta em maior quantidade de matérias-primas e insumos consumidos sem necessidade.
Os produtos extras precisam ficar estocados ocupando espaço, aumentando a
utilização de energia para aquecer, resfriar e iluminar área de estocagem.
Aumenta o uso de embalagens para armazenar. Aumenta a necessidade de
movimentação, consequente maior utilização de energia para transporte,
emissão de gases. Produtos em estoques podem deteriorar ou tornarem
obsoletos sujeitos à eliminação. Por sua vez acarreta em demanda por mais
materiais para substituir os
estoques danificados.
Além da perda de lucratividade e competitividade, o desperdício
no processo produtivo tem como resultado final o aumento descontrolado de
resíduos, e com este os custos para destinação e eliminação e, principalmente,
custos com o passivo ambiental gerado. Resíduos, efluentes ou emissões gasosas,
significam matérias-primas que foram desperdiçadas na produção, que além de
prejuízos econômicos significam danos ambientais.
Dessa forma a eliminação de desperdícios elimina a ineficiência
do processo produtivo e conduz a oportunidades de minimização de impactos
ambientais.
Gerenciar desperdícios envolve o planejamento das atividades
para a otimização de todos os processos envolvidos na plena satisfação do
cliente e começa na concepção e projeto de um produto. No planejamento podem-se
definir características dos bens e serviços que impactarão ao longo de todo o
seu ciclo de vida, como matérias primas e processos menos impactantes e mais
eficientes.
Quando se elimina os desperdícios benefícios ambientais vem
acompanhado de retornos em qualidade e produtividade. Por exemplo:
- Processos mais eficientes para
eliminar refugos melhoram a qualidade do produto, reduzem a quantidade de
água, materiais e energia utilizados para o aquecimento, resfriamento,
iluminação e manutenção dos locais de trabalho e emissões de gases que
haveria com a necessidade de retrabalhos. Reduzem a pressão sobre os recursos
naturais. Reduz os resíduos e seus
custos ambientais e financeiros para a disposição. Diminuem-se os prazos
para entrega dos produtos e custos de produção.
Para sustentar a eliminação de desperdícios e melhorias
continuas para preveni-los é necessária, antes das ferramentas técnicas,
transformar a maneira de se pensar a empresa. A mudança cultural é a base
para o aprimoramento dos processos.
As soluções surgem em consonância ao
envolvimento dos colaboradores, ao trabalho de equipe, da motivação das
pessoas, conscientes da importância da sua contribuição no aprimoramento dos
processos.
O gerenciamento de desperdícios estimula a criatividade para
desenvolver e inovar processos que melhorem a eficiência e a eficácia do
sistema produtivo e ao mesmo tempo, contribua para a sustentabilidade dos
negócios.
[1] GASI, T. M. T., FERREIRA, E. - 2008 Produção Mais limpa.
In MODELOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO AMBIENTAL. Org. Demajorovic, J. Ed. Senac,
São Paulo.