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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sustentabilidade em eventos: Norma ABNT NBR ISO 20121:2012

 A ABNT publicou, em 25.07.2012, a norma ABNT NBR ISO 20121:2012 - Sistemas de gestão para sustentabilidade de eventos - Requisitos com orientações de uso. 


O objetivo desta Norma é especificar os requisitos de um sistema de gestão para sustentabilidade para qualquer tipo de evento - empresarial, acadêmico, esportivo, cultural, político - ou atividades relacionadas a eventos, bem como fornece orientações sobre a conformidade com esses requisitos.

Eventos trazem diversos benefícios para os que dele participam. Grandes eventos, por exemplo eventos esportivos, podem gerar benefícios econômicos, públicos e deixar legados para a sociedade. Porém, eventos também podem gerar impactos negativos para o ambiente e para a comunidade. 

Dessa forma, ao se aplicar os requisitos da Norma os organizadores deparam-se com o desafio de melhorar seus processos e ser criativos na organização dos eventos para melhorar os aspectos ambientais, sociais e econômicos, como a escolha de materiais mais sustentáveis, minimização do uso de recursos, redução da emissão de poluentes, pensar na acessibilidade, na segurança e tranquilidade da comunidade do entorno, nos deslocamentos de pessoas para o evento, no legado pós-evento, dentre outros.

Ao se deparar com tais questões os organizadores podem estabelecer um processo de melhoria contínua e benchmarking para futuros eventos. Desse modo, além da finalidade da organização do evento, pode-se  maximizar os benefícios dessa atividade.

A ISO 20121:2012 está estruturada de forma que os organizadores possam melhorar seu planejamento e processos para minimizar os impactos potencialmente negativos que venham a ocorrer durante todo o ciclo do evento, ou seja, desde a concepção e planejamento, até as atividades de implementação (do evento em si) e do pós-evento. Assim, a Norma aplica-se a todos os integrantes da cadeia de suprimentos, que auxiliarão na realização do evento.

Em eventos menores e reuniões, também é possível pensar nos aspectos ambientais, como a minimização de resíduos. Em 2007, o Programa USP Recicla, do campus "Luiz de Queiroz" (ESALQ/USP), elaborou um folder com o objetivo de informar como é possível adotar práticas ambientais coerentes e simples no planejamento e na realização de eventos e reuniões dentro do campus.
São dicas simples que podem ser adotadas por qualquer organização e de qualquer porte.
O folder pode ser acessado em: Minimização de resíduos em eventos e reuniões

Detalhes da Norma publicada pela ABNT.

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Consulta Pública Proposta do Plano Nacional de Saneamento Básico

Está disponível para consulta pública a Proposta do Plano Nacional de Saneamento Básico no Site do Ministério das Cidades:



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sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Logística Reversa


   A logística reversa estreou no cenário legal brasileiro com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010 e desde então sua implantação vem sendo discutida e construída entre os setores.
   No inciso XII do art. 3, a PNRS define logística reversa como “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”. 
   O art. 33 estabelece que “são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: 
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; 
II - pilhas e baterias; 
III - pneus; 
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes”. 

   É importante entender que a logística reversa não é um mecanismo que só responsabiliza o setor produtivo: ela deve envolver toda a sociedade para que possa funcionar de maneira eficiente. Os consumidores, por exemplo, terão o dever de separar adequadamente seus resíduos e entregá-los a coleta apropriada.
  A implementação dessa logística se daria por meio de acordo setoriais que ainda estão sendo discutidos. Esses acordos são atos de natureza contratual entre o poder público, fabricantes, distribuidores, importadores ou comerciantes com a finalidade de implantar a logística reversa compartilhada.
  Recentemente o Ministério do Meio Ambiente lançou dois editais de chamamento para elaboração destes acordos: o primeiro trata das lâmpadas fluorescentes, de vapor sódio e mercúrio e de luz mista e o segundo abrange embalagens em geral, envolvendo, produtos nelas comercializados (leia a notícia aqui).
   A logística reversa faz parte de um conjunto de instrumentos propostos na PNRS para tentar equacionar o problemático cenário dos resíduos sólidos no Brasil e como tal, deve ser encarada como mais uma forma de se garantir que recursos não sejam imobilizados em aterros ou simplesmente se tornem fontes de poluição ambiental.
   Ainda será preciso percorrer um longo caminho até que a logística reversa e os outros instrumentos da PNRS façam parte do dia a dia do brasileiro.
   
   O cenário Brasileiro
   No Brasil, 27,7% dos municípios destinam seus resíduos coletados para aterro sanitário e 17, 87% apontam a existência de algum tipo de iniciativa de coleta seletiva. Só no ano de 2008, foram coletados 183.488t/dia de resíduo sólido domiciliar urbano (48.992t foram para aterros sanitários e 134.496t para lixões e aterros controlados). No ano, estes 72,3% de resíduo disposto inadequadamente representaram 48.418.560t.


Aterro do Pau Queimado em Piracicaba - SP
  



Para saber mais sobre o assunto:


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Curso: Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais

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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Micro e pequenas empresas e a sustentabilidade









As microempresas e empresas de pequeno porte, em conjunto com as médias empresas, possuem participação econômica e social significativa no Brasil, bem como na maior parte dos países. 
As principais contribuições das Microempresas e Pequenas Empresas (MPEs) são a criação de novos empregos, a introdução de inovações, o estímulo a competição econômica, o auxílio às grandes empresas com a distribuição e fornecimento de bens e serviços e, a produção eficiente de bens e serviços (LONGENENECKER et al, 2007). Pode-se citar, além do impacto econômico, o beneficio social dos pequenos empreendimentos:



“Empreendedores montam negócios para realizar sonhos – deles próprios, de suas famílias, de seus empregados ou da comunidade onde vivem. Quando escrevemos sobre pequenas empresas, portanto, estamos escrevendo sobre indivíduos cuja vida empresarial exerce um impacto sobre um grande número de pessoas” (Longenenecker et al, 2007 pág. IX)


Porém, os impactos ambientais oriundos destas empresas são pouco estudados e, mesmo que suas ações não possam ser comparadas em magnitude às das grandes empresas, quando em conjunto as externalidades negativas que podem causar à comunidade não devem ser negligenciadas.

Hillary (2004) cita que apesar de constituir a grande maioria das empresas na Europa, os impactos ambientais das empresas de pequeno porte são desconhecidos a nível local e regional, mas há dados de que poderiam em conjunto contribuir com 70% da poluição industrial dessa região.
Conforme a publicação Industry and Environment, UNEP (2003), na Índia estima-se que as empresas de pequeno porte em conjunto com as médias, produzem mais de 65% de resíduos industriais. No Canadá e no Reino Unido as emissões tóxicas a partir de instalações de indústrias de pequeno porte aumentaram 32% entre 1998 e 2000, apesar de poluição industrial global ter diminuído 4%. A ONG canadense The Foundation for International Training, em um estudo recente na Província de Jiangsu, China, levantou que 67,7% das empresas de pequeno porte estavam produzindo intensa carga de poluição e 28,5% causavam uma poluição moderada (UNEP, 2003).

Segundo estudo recente do Sebrae a maioria dos pequenos negócios praticam ações de sustentabilidade. Essa foi a principal conclusão de uma sondagem realizada pelo Sebrae, no começo deste ano, com quatro mil micro e pequenas empresas (MPE) de todo o país, dos setores de comércio e serviços (50%), indústria e construção civil (46%) e agronegócios (4%). 
O objetivo era medir a percepção do empresariado sobre o tema sustentabilidade. A sondagem mostrou que pequenos negócios já adotam medidas importantes, como redução do consumo de água (80,6%) e de energia (81,7%), coleta seletiva de lixo (70,2%) e descarte adequado de resíduos tóxicos (65,6%), a exemplo de solventes e cartuchos de tinta. 

“Esse conjunto de informações indica um enorme potencial para trabalhar a questão junto ao empresariado e para que ações de sustentabilidade sejam incorporadas. A proposta é mostrar que não há contradição entre o mundo dos negócios e a questão ambiental. Pelo contrário, a prática de ações sustentáveis é um importante diferencial no mercado. As MPE não podem ficar de fora do debate. Ignorar essa agenda significa menos competitividade", reforçou Luiz Barretto.

O diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, apresentou três casos de negócios de diferentes segmentos que apostaram nesse diferencial. A lavanderia Prillav (MT), a Pousada do Sol (SE) e a Cachaçaria Extrema (RN) investiram, respectivamente, R$ 150 mil, R$ 92 mil e R$ 230 mil em adaptações nas empresas para implantar ações sustentáveis. Com retorno médio de dois anos, os empreendimentos economizaram energia elétrica, água, embalagens e outros insumos.

"Existem sete mil lavanderias, 22 mil pousadas e 40 mil cachaçarias registradas no país. Se cada um desses empreendimentos adotarem mudanças, isso dá uma ideia do impacto que pequenas medidas podem ter quando adotadas em grande escala. O desafio do Sebrae é massificar essas iniciativas que são viáveis economicamente. As micro e pequenas empresas têm grandes possibilidades para inovar e as que não fizerem isso terão dificuldades de sobrevivência", advertiu Carlos Alberto dos Santos.

Gosto muito dessa fala de um entrevistado de um trabalho acadêmico que fiz sobre gestão ambiental e pequenas empresas do setor metalúrgico de Piracicaba, pois é uma visão bastante rica da percepção dos benefícios da gestão ambiental para empresas de menor porte:
     
      “Diretamente, a própria exigência dos clientes ‘ou você tem a certificação ou você deixa de ser nosso fornecedor’ significa mantermos-nos competitivos. Então obrigatoriamente teria [benefícios]. Eu vejo que do ponto de vista econômico, olhando sob o ponto de vista de alguém que só pensa em retirar sem pensar na comunidade, vamos fazer esse raciocínio: é mais barato você produzir agredindo o meio ambiente, seria muito mais fácil, seria mais econômico. Seria isso se você tem uma visão egoísta, não tem nenhuma preocupação com seu futuro ou com as próximas gerações. Mas se nos pensamos que isso é um negócio que tem que continuar, a idéia de uma empresa é se perpetuar, não é uma sociedade para fins específicos que vai morrer ao fim do período, e sim que ela se perpetue. Então, nós vivemos nessa cidade e precisamos fazer a nossa parte. E sabemos que, até para a gente ter a água amanhã, se nós não cuidarmos disso aqui, se nós poluirmos o lençol freático como é que vamos ter água boa amanhã para beber? Como é que nossos colaboradores, se não são saudáveis, como é que vai ter produtividade para ser competitivo? Então, volta a questão não é só consciência ambiental, mas é a consciência do longo prazo. Você quer continuar vivendo? Quer continuar existindo como empresa? Quer continuar sendo competitivo?
Se nós tivermos uma sociedade ruim qual vai ser a produtividade dos nossos colaboradores? Qual vai ser o preço dos nossos produtos?
Então, em uma primeira análise é mais barato jogar fora que você não gasta nada, só que no longo prazo vai sair mais caro. Ao longo prazo morre as condições.
Tem resíduos que poderiam ser transformados em valor comercial, incentivo para os funcionários obterem melhorias.
As grandes empresas já têm ações; o que precisa é decretar essa consciência nas médias e pequenas empresas. É um trabalho aí de muita paciência. Porque ainda existe uma idéia de que isso é custo. Tem que mostrar que o custo é inóspito, ou se bem feito pode até gerar lucro, tem que mostrar isso.”


Veja o estudo do Sebrae em: 

O que pensam as micro empresas sobre sustentabilidade

Bibliografia: 


HILLARY, R. Environmental management systems and the smaller enterprise. Journal of Cleaner Production, ed. 12, 2004: 561–569. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6VFX-4B1SK17-2&_user=5674931&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000049650&_version=1&_urlVersion=0&_userid=5674931&md5=76f42ad246c9176dde7cec434d116995>.Acesso em: 24 março 2009.
  
INDUSTRY AND ENVIRONMENT, Volume 26, N° 4. Paris: UNEP, 2003. Disponível em: <http://www.uneptie.org/media/review/vol26no4/IE26_4-SMEs.pdf>. Acesso em: 10 maio 2009.

LONGENECKER, J. G. [et al]. Administração de pequenas empresas. São Paulo: Thomson Learnig, 2007.

SUCHÁNEK, Z.  Environmental management systems for Small and Medium-sized organizations (SMES). DHV, 2005. Disponível em: <http://www.ihi-zittau.de/bwl/veranst/eu_1jahr/Vortrag_Suchanek.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2009.



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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Gerenciamento de materiais



   O gerenciamento de materiais requer uma análise ativa das rotinas de decisão de compra, uso e disposição de forma a refletir suas inter-relações e seus impactos sobre o meio ambiente. Um programa de gerenciamento de materiais inclui elementos relacionados com a aquisição, operação e manutenção, reutilização e reciclagem, e disposição. 
   Um programa de gerenciamento de materiais sustentável começa com quatro perguntas simples: 

1. O que está nele? - Componentes
2. De onde ele vem? - Fonte
3. Quanto disso você tem? - Nível de Utilização
4. Para onde isto vai quando terminamos de usar? - Métodos de eliminação

   As abordagens tradicionais destacam as principais atividades associadas com a aquisição e descarte de mercadorias:

1. Aquisição
2. Operação de rotina e manutenção 
3. Os métodos tradicionais de disposição
4. Reciclagem tradicional

  A gestão de materiais apresenta dois grandes desafios ambientais:

1. Preferência por compras ambientalmente adequadas
2. Desvio de resíduos sólidos dos aterros

   Os objetivos do gerenciamento sustentável ​​de materiais são maximizar o uso de fontes renováveis ​​nos processos de fabricação, para estender a vida útil dos produtos por meio da reutilização e reaproveitamento, e para minimizar ou eliminar os métodos de descarte poluentes. Duas abordagens eficazes para atingir esses objetivos são apresentadas a seguir:

   Princípios sustentáveis relacionados ao gerenciamento de materiais incluem:
1. Estabelecer Políticas de Aquisições Ambientalmente Sustentáveis 
2. Implementar programas eficazes de operação e manutenção
3. Estabelecer Taxa de desvio de resíduos de aterro (setenta por cento ou mais)
4. Estabelecer o custo total dos materiais (ambiental, social e econômico) e o Ciclo de Vida nas práticas contábeis.

   Estratégias Sustentáveis:
1. Gerenciamento Integrado de Resíduos
2. Análise do fluxo global de resíduos
3. Políticas de Extensão da Responsabilidade do Produtor e Contratos

Fonte: 














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