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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A mulher e o assédio moral

Matéria especial do Tribunal Superior do Trabalho que expõe o assédio moral no ambiente de trabalho onde as principais vítimas são mulheres.

"Será que nosso conjunto de leis tem sido suficiente para impedir que milhares de mulheres que vêm conquistando mais espaço no mundo do trabalho sejam tratadas de forma discriminatória, humilhante e muitas vezes doentia?"

"Não há dúvidas: a mulher está mais sujeita ao assédio sexual em todas as carreiras e isso se deve, principalmente, à cultura brasileira de "objetificação do corpo feminino" e pela ideia enganosa de que mulheres "dizem não querendo dizer sim", já que esse tipo de mentalidade infelizmente permeia toda a sociedade, independente da condição social ou do nível de escolaridade."

"O assédio moral expõe os trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, levando a vítima a se desestabilizar emocionalmente. "Identifica-se a ocorrência de comportamentos comissivos ou omissivos que humilham, constrangem e desestabilizam o trabalhador, afetam a autoestima e a própria segurança psicológica, causando estresse ou outras enfermidades", afirma a ministra Peduzzi, observando, ainda, que a maioria das ações que correm na Justiça do Trabalho por assédio moral são ajuizadas por mulheres."


Links:

A mulher e o assédio moral

A mulher está mais sujeita ao assédio em todas as carreiras


Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lançou em 2010 a cartilha "Assédio Moral e Sexual no Trabalho" com o intuito de conscientizar vítima e agressor sobre esses assédios, meios de identificá-lo, mas, acima de tudo como evitá-los.





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sábado, 17 de agosto de 2013

Segurança do trabalho no meio rural (3º parte) – Armazenagem: Armazéns e Silos


As maiores ameaças à integridade física ao trabalhador na parte de armazenagem estão nas operações de limpeza e manutenção de máquinas dentro dos armazéns. Nos armazéns, em geral a causa de acidentes está relacionada aos elevadores e ao empilhamento de sacas. Há também, casos de objetos caídos de alturas, liberação de gases tóxicos em função da fermentação de grãos e ainda “afogamento” de pessoas na soja. [1]

No caso de armazenagem em silos, estes são ambientes perigosos, classificados como espaço confinado. Exemplos de espaços confinados que podem ser encontrados nas diversas atividades ligadas à agroindústria são: tonéis (de vinho/aguardente, p.ex.), reatores, colunas de destilação, vasos, cubas, tinas, misturadores, secadores, moinhos, depósitos e outros. Um espaço confinado apresenta sérios riscos com danos à saúde, sequelas e morte. São riscos físicos, químicos, ergonômicos, biológicos e mecânicos.


Vejamos alguns dos riscos dos acidentes em Silos e Armazéns agrícolas:
  • Explosões;
  • Problemas ergonômicos;
  • Lesões do trato respiratório (poeiras) e do globo ocular;
  • Riscos físicos (ruído, iluminação, umidade, vibrações, etc.); e
  • Acidentes em geral (quedas, sufocamento, etc.).

Em 2009, o setor de armazenamento, que inclui o trabalho em silos, registrou 2.121 acidentes. Em 2008 foram registrados 100 a menos (2.021), em 2007, o número foi ainda menor, 1.648 acidentes de trabalho. (REVISTA PROTEÇÃO, 2013[2]).
 “As deficiências que levam a sérios acidentes, muitos deles com perdas de vidas são por quedas de altura, asfixia na massa de grãos, intoxicação, choque elétrico e alto potencial de riscos de incêndios e explosões devido ao acúmulo de poeiras no interior do silo e as que ficam depositadas nas máquinas e nos equipamentos elétricos” (RANGEL JR., 2011 apud AMARILLA et al, 2012[3]).
O delegado Suede Dias, do Mato Grosso, relatou que já é o sétimo trabalhador que morre em silos de armazenagens de grãos, somente neste ano de 2013, em todo o estado. Segundo ele, em muitos casos, os acidentes são ocasionados pela falta de estrutura dos locais e segurança. E enfatiza que “é urgente a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego sobre as condições dos silos de armazenagem, já que a maioria deles não possui sequer um técnico de segurança do trabalho.  Estes acidentes têm sido constantes e tem que haver alguma forma de diminuir os índices'', alertou o delegado[4].

Para aprimorar a prevenção, analise alguns casos de acidentes acontecidos em silos de armazenagem, a maioria em 2013:
Máquinas e equipamentos:
Trabalhador morre triturado em silo de armazenamento de grãos no MT
http://www.tribunahoje.com/noticia/62461/brasil/2013/05/02/trabalhador-morre-triturado-em-silo-de-armazenamento-de-gros-no-mt.html
Soterramento e asfixia mecânica:
Homem morre asfixiado em silo de soja. 
http://www.diarioweb.com.br/editorial/corpo_noticia.asp?IdCategoria=62&IdNoticia=35716&IdGrupo=1
Trabalhador morre soterrado em silo de grãos no porto graneleiro da Capital
http://www.rondoniaovivo.com/noticias/trabalhador-morre-soterrado-em-silo-de-graos-no-porto-graneleiro-da-capital/103234#.Ug1f-9LU-So
Trabalhador que limpava silo de armazenagem de grãos fica soterrado em MT
http://www.expressomt.com.br/matogrosso/trabalhador-que-limpava-silo-de-armazenagem-de-graos-fica-soterrado-em-mt-71448.html
Explosão:
Silo de grãos explode em Júlio de Castilhos: Duas pessoas estão desaparecidas
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=364547
Asfixia por gás tóxico formado no silo:
Funcionário morre em poço de silo com 10 metros de profundidade em Paraíso
http://tvsudoestewebfly.hospedagemdesites.ws/noticia.php?noticia=362

Quedas

Trabalhando em alturas consideráveis, é comum o funcionário sentir uma tontura, se assustar com aves que costumam fazer ninho no interior dos silos, ou ter algum tipo de descuido e cair.
Para prevenir acidentes devem ser usados equipamentos adequados, como as cadeirinhas de segurança, que prendem o trabalhador pela cintura a partes firmes da estrutura do silo.
Segundo Trecenti, há também perigos naturais nos silos e armazéns “as vezes na limpeza interna em elevadores, os funcionários não põe um sistema de iluminação. Ele esquece que tem possibilidade de que uma cobra tenha entrado, porque se tem alimento, pode ter rato, se tem rato, tem cobra. Então ele desse um fosso de elevador e acaba sendo picado.”

Risco de Explosões (para se aprofundar mais[5])

As indústrias que processam produtos alimentícios e as unidades armazenadoras de grãos, apresentam alto potencial de risco de incêndios e explosões, pois o trabalho nessas unidades consiste basicamente em receber os produtos, armazenar, transportar e descarregar. O processo inicia com a chegada dos caminhões graneleiros e ao descarregar seu produto nas moegas, produzem uma enorme nuvem de poeira, em condições e concentrações propícias a uma explosão.
Esse acúmulo de poeiras no local de trabalho, que fica depositada nos pisos, elevadores, túneis e transportadores, apresentam um risco de incêndio muito grande. Isso ocorre quando, uma superfície de poeira de grãos é aquecida até o ponto de liberação de gases de combustão que, com o auxílio de uma fonte de ignição com energia, dá início ao incêndio. Além disso, a decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis; se a umidade do grão for superior a 20%, poderá gerar metanol, propanol ou butanol. Os gases metano e etano, também produzidos pela decomposição de grãos, são igualmente inflamáveis e podem gerar explosões.
O milho é considerado um dos grãos mais voláteis e perigosos, embora toda poeira de grãos possa ser tida como muito perigosa. Nos Estados Unidos, que estudam as explosões de poeira de grãos há mais tempo, recomenda-se que a concentração máxima de poeira de grãos no ambiente de trabalho seja de 4 g/m3 de ar. A faixa mais perigosa para gerar uma explosão, varia entre 20 e 4.000 g/m3 de ar.
A ventilação local exaustora é a solução ideal. Ela tem como objetivo principal a proteção da saúde do trabalhador, uma vez que capta os poluentes da fonte, antes que os mesmos se dispersem no ar do ambiente de trabalho, ou seja, antes que atinjam a zona de respiração do trabalhador. Os sistemas de controle de particulados para a atmosfera são compostos basicamente de:
·         Captores no ponto de entrada ou de captação;
·         Dutos para o transporte do produto granulado;
·         Ventiladores industriais para mover os gases, e;
·         Equipamentos de coleta de poeiras (filtros, ciclones, lavadores e outros).

Asfixia e soterrameto

Nos silos grandes, quando o operário entra sozinho no seu interior e tentar andar sem o cinto de segurança sobre a superfície dos grãos, aparentemente firmes, estes podem ceder e soterrá-lo completamente.



A fermentação de grãos molhados pode reduzir o oxigênio no interior do armazém e matar por asfixia.
Trecenti relata um fato ocorrido no Sul do país. Um funcionário do armazém desceu à parte subterrânea de um silo e, passada meia hora, não voltou. Um segundo funcionário foi procurá-lo e também não retornou. Desceu o terceiro funcionário para averiguar e também ficou por lá. Foi, então, que resolveram chamar os bombeiros, que como primeira providência fizeram o monitoramento das condições do interior do silo. Resultado: o nível de oxigênio estava em 10%. Abaixo de 18% já é fatal para o ser humano.
Há leis especificas para atuar nesse tipo de ambiente, e a responsabilidade é do empregador treinar o operador e fornecer EPI, além de instalar e manter íntegros os EPC. Além, disso toda a prevenção deve ser fortalecida com palestras, SIPAT, diálogos de segurança e formação de comissões internas de prevenção de acidentes.





Quer saber mais:
[1] Este texto foi baseado no texto de Marcelo Pimentel, Dor de Cabeça, publicado na edição de setembro de 2003 da Revista Panorama Rural.

[2] Texto em: Silos podem ser fontes de graves acidentes de trabalho 

[3] AMARILLA et al, 2012. Aplicação das normas regulamentadoras para gerenciar os riscos na operação de silos metálicos. VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 8 e 9 de junho de 2012. 

[4] Trecho retirado de: 

[5] Riscos no Trabalho em Silos e Armazéns


A primeira parte do texto sobre saúde e segurança no meio rural está disponível em:


Segurança do trabalho no meio rural (2ª parte) - Emblagens de agrotóxicos


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quarta-feira, 31 de julho de 2013

A consulta pública para implantação do novo SNTPP foi prorrogada até 15/08!

   Foi prorrogada até 15/08 a consulta pública para a proposta conceitual do Sistema Nacional de Transporte de Produtos Perigosos (SNTPP), que tem como objetivo organizar e sistematizar o controle ambiental do transporte marítimo e do transporte interestadual fluvial e terrestre de produtos perigosos.
 Os documentos relativos ao SNTPP encontram-se disponíveis no endereço eletrônico: http://www.ibama.gov.br/servicos/consulta-publica.
   Para a área ambiental, o aprimoramento deste sistema significa ampliar as informações sobre a cadeia complexa de produtos perigosos que circulam no país e subsidiar o gerenciamento de riscos para melhoria da prevenção e resposta aos acidentes ambientais.
 
 
 
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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Como e Porque ser um Líder (Não um Wannabe*)

*Wannabe: gíria da língua inglesa, junção dos verbos "want" e "to be". É um termo pejorativo que se refere a pessoas que querem ser alguém ou algo que não são. "querer ser"

Por Umar Haque 
08 de julho de 2013

Publicado originalmente na Havard Business Review  Blog Network. Tradução nossa.


Nós precisamos de uma nova geração de líderes. E precisamos disso agora.
Estamos no meio do Grande Delírio – uma histórica falta de liderança, precisamente quando nós mais precisamos dela. Por isto está difícil, olhando em volta, até mesmo lembrar o que é liderança. Nós estamos rodeados por pessoas que são especialistas em ganhar – eleições, negociações, títulos, bônus, operações de salvamento, lucro. E frequentemente, nós estamos dizendo: eles são os únicos que devemos admirar – porque é a pilhagem e o espólio que realmente importam.
Mas você sabe e eu sei: meros ganhadores não são verdadeiros líderes – não só porque apostar em sistemas falidos  não é nada além de uma farsa vazia de viver; mas porque a vida não é um jogo. Isto não é sobre o que você tem, e quanto tem – mas o que você faz, e por que – se você está vivendo uma vida que importe.
Liderança – verdadeira liderança – é uma arte perdida. Líderes não nos lideram até um lugar – mas para um tipo diferente de destino: para o nosso melhor, eus verdadeiros. É um ato de amor em face um mundo incerto.
Talvez, então, é por isso que há tão pouca liderança por aí: porque nós temos medo até de dizer a palavra amor – muito menos para senti-lo, pesá-lo, medi-lo, permiti-lo, admiti-lo, acreditar nele, e assim ser transformado por ele.
Wannabes – com quem eu irei comparar os líderes neste ensaio – são literalmente isto: wannabes. Eles querem ser quem são líderes, mas não podem: eles querem os benefícios da liderança, sem os preços; eles querem respeito, dignidade, e título de liderança, sem liderar pessoas para vidas que importam; eles querem o amor que os líderes merecem, agindo por atos dolorosos, sem, em troca, ter a coragem, humildade e sabedoria para amar.
Quando você pensa sobre chefes, presidentes, e primeiros ministros desta maneira, eu sugiro que a maioria dos nossos chamados líderes são wannabes: aqueles que querem ser líderes, sem liderar nenhum de nós a nenhum lugar senão na estagnação, declínio, fratura, medo, apatia, e conforto, prazeres baratos que nos entorpecem para tudo isso. Líderes – verdadeiros líderes, aqueles que honram a palavra – fazem o oposto: eles nos lideram para verdade, ao que vale a pena, a nobreza, prodígio, imaginação, alegria, desgosto, desafio, rebelião, sentido. Através do amor, eles nos lideram para viver o que importa; Wannabes nos empobrecem. Líderes nos enobrecem.
Então aqui estão minhas seis maneiras de começar a ser um (verdadeiro) líder – e parar de ser apenas outro wannabee.

Obedecer – ou revoltar-se? Você está respondendo a incentivos – ou reformulando-os? Aqui está a simples diferença entre líderes e wannabes. Wannabes respondem tediosamente, previsivelmente e adequadamente, a “incentivos”, como bons robozinhos racionais. Eles fazem isso por dinheiro e acabam sufocados pelas vidas que escolheram. Os líderes têm um papel muito diferente. Eles não apenas "respondem"  tediosamente, roboticamente a "incentivos" seu trabalho é um pouco de revolução. E então eles devem remodelar os incentivos, ao invés de meramente reagir a eles. Eles têm princípios mais preciosos do quo bônus do próximo ano e, assim, pensam além e mais verdadeiramente do que apenas sobre o que eles são "incentivados" a fazer. Se você é facilmente levado a desistir do que realmente é precioso para você por um bônus um pouco maior, aqui está o fato simples: você não é um verdadeiro líder.

Conformar-se – ou rebelar-se?  Você está quebrando regras ou seguindo-as? As regras estão aí por um motivo: para reprimir o desvio, preservar o status quo, e trazer os outliers direito de volta para a média. Esta é um ideia maravilhosa se você estiver operando uma fábrica de coisas – mas é uma noção terrível se você estiver tentanto fazer qualquer outra coisa. E assim, os líderes devem romper o status quo quebrando as regras, liderando pelo exemplo, = assim  os seguidores sabem que as regras não apenas podem, mas devem ser quebradas. Se você está roendo as unhas seguindo as regras, aqui está o resultado: você não é um verdadeiro líder.

Valor – ou valores? Por que as pessoas seguem os verdadeiros líderes? Porque líderes prometem levá-los em uma jornada que vale a pena. O wannabe cria “valor” para os acionistas, para os clientes, para os "consumidores". Mas o líder cria o que é mais verdadeiro, mais duradouro, mais ressonante: vidas que verdadeiros seres humanos merecem. E devem fazê-lo evocando nas pessoas valores que importam, e não apenas o "valor" que é inútil. Qual você escolheria? Num piscar de olhos, a maioria das pessoas escolheria o último, porque o valor sem valores é o que a realidade da TV está para um grande livro: vazia, vaga, estreita, árida. Se você estiver criando valor sem definir valores – você não é um líder: você é apenas um wannabe.

Visão - ou verdade? O wannabe define uma visão. Com gestual grandiloqüente e magnífico panorama, a visão brilha. O líder tem uma tarefa mais difícil: dizer a verdade, claro como o dia, tão óbvio como o amanhecer, tão certo como o nascer do sol, tão inevitável como a noite. A visão é boa, e muitos pensam que uma Grande Visão é o que inspira as pessoas. Eles estão errados. Se você realmente quer inspirar as pessoas, diga-lhes a verdade: não há nada que liberta as pessoas como a verdade. O líder diz a verdade porque a sua tarefa fundamental é a de elevação: para produzir nas pessoas seus melhores eus. E enquanto nós podemos escalar em direção a uma Grande Visão, também é verdade que o próprio ato de escalar perpetuamente pode ser o que nos aprisiona na vida que realmente não queremos (oi, Madison Ave, Wall Street, e Silicon Valley). A verdade é que nos eleva, o que nos abre para a possibilidade, o que produz em nós a sensação de que devemos nos tornar o que fomos feitos para ser, se quisermos viver uma vida digna – e um dos testes mais seguros de você fazer para saber se é um verdadeiro líder é saber se você está apenas (bocejo, ombros, viradade olhos) de modo esperto vendendo uma Grande Visão, ou, ao contrário, ajudando a trazer as pessoas um pouco mais perto da verdade. E se você tem que perguntar o que "verdade" é (chamada: mudança climática é real, a economia global ainda está quebrada, a ganância não é boa, os banqueiros não devem ganhar um bilhão de vezes mais do que os professores, os CEOs não devem ter jatos privados para uma vida de direção de empresas no chão, o céu realmente é azul) - adivinhem? Você definitivamente não é um líder.

Tiro ao alvo - ou arquitetura? Wannabes são algo como robôs de maximizar-medidas. Dê um conjunto de números que eles devem "atingir", eles trabalharão duro tentando atingi-los. O líder sabe que seu trabalho é muito diferente: não apenas para maximizar as medidas existentes, que são muitas vezes parte do problema (oi, o PIB, valor para os acionistas), mas para reimaginar-las. O trabalho do líder é, fundamentalmente, não apenas "acertar um alvo" mas redesenhar o campo de jogo. Sua arquitetura, e não um mero tiro com arco. Se você acertar um alvo, você não é um líder. Você é apenas mais um performer, em um jogo cada vez mais sem sentido.

amor - ou  Amor. Muitos de nós, é a verdade, escolhe empregos que nós "amamos" sobre aqueles que não o fazemos, sacrificando prontamente alguns dólares aqui e ali no processo. Mas isso não é amor, tanto quanto é prazer. Amor - o verdadeiro amor, a coisa real, maíusculo-A amor - é muito mais doloroso do que agradável. Ele nos transforma. E essa é a marca mais segura de um verdadeiro líder. Eles têm uma sede e não apenas por amor - mas para amar; uma sede que não pode ser apagada apenas por meio de conquistas, prêmios ou honrarias. Pode somente, somente ser apagada através da transformação, e é por isso que os verdadeiros líderes devem, apesar do preço, através da dor, no próprio coração do desgosto dele mesmo, liderar.

E ainda.

Nós estamos com medo, você e eu, dessa palavra: amor. Medo do amor, porque o amor é a substância mais perigosamente explosiva que o mundo já conheceu, e vai conhecer, e jamais vai poder conhecer. O amor é o que liberta os escravos e escraviza os livres. Porque o amor, enfim, é tudo: tudo o que temos, quando nos deparamos com nossos momentos finais, e viermos, a saber, que a vida, enfim, deveria ter sido maior do que nós, se quisermos sentir como se tivesse importância.
O velho diz: criança, você não deve nunca, nunca acreditar no amor. Amor é uma heresia. Acredite em nossas máquinas. Acredite em operação e cálculos. Coloque sua fé em ser seus instrumentos. Nossas máquinas perfeitas trarão a você perfeição.
Eu acredito que a vida tão fria como o aço só irá produzir um mundo tão cruel como o gelo. Eu acredito que a racionalidade fria e o cálculo perfeito pode nos levar apenas a uma pequena distância em direção ao coração do que é bom, verdadeiro e eternamente nobre sobre a vida. Porque não há nenhum cálculo de amor. Não há nenhuma equação para a grandeza. Não há algoritmo para a imaginação, a virtude e o propósito.
Mesmo a máquina perfeita é só uma máquina.
Se nós estamos liderando um ao outro, nós precisaremos da heresia do amor. Nós devemos gritar desde ontem na linguagem do amor se quisermos liderar um ao outro. Não apenas para o amanhã, mas para um destino mais digno: o que encontramos no outro.
É comum dizer que os líderes "inspiram". Mas isso é apenas metade da história. Líderes nos inspiram porque eles trazem a tona o melhor de nós. Eles evocam em nós os nosso mais completo, melhor, mais verdadeiro, mais nobre eu. E é por isso que nós os amamos - não apenas porque eles pintam retratos de uma vida melhor, mas porque eles nos impelem a ser os criadores de nós mesmos.


Umair Haque é Diretor do Havas Media Labs e autor de  Betterness: Economics for Humans e The New Capitalist Manifesto: Building a Disruptively Better Business. Ele está no rank de pensadores de gestão mais influentes do mundo da Thinkers50


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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Segurança do trabalho no meio rural (2º parte) – Embalagens de agrotóxicos

Continuação do texto: Segurança do trabalho no meio rural 

EMBALAGENS

Embalagens descartadas de forma inadequada (Foto: Arnaldo de Carvalho Júnior)
















Na maioria das vezes, os acidentes com embalagens vazias de defensivos agrícolas ocorrem por descuido, desconhecimento dos riscos ou mesmo falta do uso do EPI. 

Situações de armazenamento de embalagens vazias em locais inadequados, como próximo a alimentos ou mananciais de água, também são bem comuns. Também não são raros os casos de ver trabalhadores rurais reaproveitando embalagens para colocar água ou qualquer outro tipo de alimento para o seu próprio consumo.
Os efeitos para o trabalhador são o risco de intoxicação, que pode levar à morte, no caso de uma intoxicação aguda; no caso de uma intoxicação crônica, vai ter efeitos colaterais e cumulativos, a perda de saúde e de capacidade de trabalho.
O descarte irregular das embalagens pode contaminar o solo, através de depósitos inadequados e a água, com a percolação de substâncias tóxicas para o lençol freático. Pode contaminar também o ar, com a liberação de fumaça e gases a partir da queima das embalagens.
As embalagens tem que ter lugar especifico, distantes de locais onde possam gerar contaminação, acondicionadas em depósitos trancados com cadeado e identificados com uma placa “PERIGO VENENO”. 





Os depósitos devem ser cobertos, para as embalagens serem abrigadas da chuva e do sol e não podem ficar em contato com o piso. Para esse isolamento recomenda-se o uso de estrados.

Para evitar problemas o ponto de partida é a conscientização do usuário desses produtos químicos. O uso do receituário e dos EPIs também ajudam. Com relação às medidas práticas que podem ser adotadas, a tríplice lavagem sobre pressão, seguida da inutilização da embalagem vazia através de um furo e sua devolução em um posto de recebimento, é o procedimento básico que deve ser adotado de acordo com a legislação. “Se na cidade não houver um posto de recolhimento, o produtor pode levar na revenda e, desde que a tríplice lavagem ou a lavagem sob pressão tenha sido realizada, o comerciante é obrigado por lei a receber o material.
O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias – inpEV, é uma entidade criada pela indústria fabricante de defensivos agrícolas para realizar a gestão pós-consumo das embalagens vazias de seus produtos de acordo com a Lei Federal nº 9.974/2000 e o Decreto Federal nº 4.074/2002. A Legislação Federal (Lei 9.974 / 2000 e Decreto 4.074 / 2002) determina que a destinação correta das embalagens vazias de agrotóxicos cabe a todos os agentes atuantes na produção agrícola: agricultores, canais de distribuição/ cooperativas, indústria fabricante e poder público.
O Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos) tem como objetivo assegurar agilidade, eficiência e segurança ao processamento desses materiais desde a devolução até a correta destinação (reciclagem ou incineração). Veja como funciona o Fluxo do Sistema. 

Baseado no texto de Marcelo Pimentel, Dor de Cabeça, publicado na edição de setembro de 2003 da Revista Panorama Rural.





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sexta-feira, 5 de julho de 2013

O desafio da igualdade de genêros nas corporações do Brasil


  
    A Bain & Company lançou recentemente o relatório: "Sem atalhos: o caminho das mulheres para alcançarem o topo" (clique para ir para o relatório). Em 19 páginas o relatório traça o perfil do alto escalão das empresas brasileiras e das dificuldades para a mulheres chegarem lá.
   De acordo com o relatório, 14% dos cargos executivos e apenas 4% dos CEOS brasileiros são mulheres. Se levarmos em conta que as mulheres representaram só em 2011 58% dos alunos universitários do país, esse baxíssimo número de mulheres no comando levanta a reflexão de porque estando tão preparadas, elas não não chegam lá.
   O relatório aponta que entre as razões para as mulheres não serem promovidas estão as prioridades conflitantes (trabalho x família), a diferença de estilos entre homens e mulheres e o viés organizacional.
   "Mesmo sendo consideradas igualmente capazes em entregar resultados, a mulher ainda é menos valorizada pela forma adotada para alcançar tal objetivo. Se elas abordam seu trabalho com um estilo diferente do masculino, fica difícil convencerem seus chefes homens que são as pessoas certas para a promoção. Principalmente, se eles preferem trabalhar com pessoas cujo estilo é semelhante ao seu. Este é o problema-chave do viés de gênero e torna extremamente difícil a existência de meritocracia".
   Essa ausência de uma meritocracia aliada a rigidez de como as funções devem ser realizadas dentro da organização acaba afastando grandes talentos femininos do mercado. Sem reconhecimento e impedidas de subir na carreira, muitas mulheres acabam ocupando cargos menores, abrindo empresas ou até mesmo saindo do mercado de trabalho.
   "A abordagem destas questões de paridade de gênero é difícil. Ela exige mudança em crenças e comportamentos, e para isto é necessário um comando forte e comprometido e ações com horizonte de longo prazo. Se a liderança incentivar ambientes que valorizam e promovam uma grande variedade de estilos e modelos de trabalho, as profissionais brasileiras terão maiores chances de exercerem seu potencial talento em postos de alta gestão e gerarem melhores resultados para as organizações nas quais trabalham".
   Incentivar que a igualdade de genêros seja discutida na organização traz resultados positivos, aumentando o nível de comprometimento das mulheres com a organização. A paridade de genêros no ambiente de trabalho retém talentos e colabora para tornar possível as mudanças de culturas organizacionais impressindíveis para criação de processos produtivos mais sustentáveis - tanto ambientalmente, quanto socialmente.

  

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terça-feira, 2 de julho de 2013

O acidente não começa do momento do acidente

Quando se buscam as causas dos acidentes comumente se olha sob a perspectiva do erro humano. O raciocínio dos que investigam as causas é apoiado na ideia de que o acidente resulta de falhas técnicas e do erro humano. 
Michel Llory , especialista francês em segurança do trabalho, diz que um acidente não começa no momento do acidente: ele começa muitas vezes anos antes do fato em si acontecer. 
Segundo Llory, investigar um acidente apenas sob a ótica do erro humano é buscar as causas onde é mais fácil, é estudar "embaixo do poste". 
No entanto quando se olha de perto pode-se perceber que o acidente estava "esperando" para acontecer. 
Segundo ele quando se analisa um acidente deve-se levar em conta a história organizacional, porque é nessa história que ocorre a "incubação" do acidente. Há pontos escuros nas organizações que contribuem para aumentar os riscos de que acidentes ocorram. São os impactos das decisões do alto escalão que recaem sobre as organizações, de forma fragmentada, e que tem impacto direto sobre a ocorrência de acidentes, como a redução de efetivos, aumento da carga de trabalho, redução dos prazos, redução de custos, alta rotatividade de técnicos, perda de memória organizacional. 
A prevenção dos acidentes deve ocorrer dissecando as formas de tomada de decisão nas organizações, ou seja, um movimento de subida na hierarquia da empresa. A falha muitas vezes é organizacional, que vai abrindo campo para a falha técnica como variante do erro humano. Por exemplo, quais podem ser o impacto para a segurança de um sistema organizacional baseado no "mais rápido, melhor e mais barato"? Ou num sistema de redução de custos a qualquer preço? 
O diagnóstico é bem mais profundo quando se olha a organização, mas é daí que se percebe os indícios, os sinais dos acidentes, e agir antes que eles aconteçam. 
E nossas organizações comumente "incubam" acidentes, desvalorizando a vida humana.


Acidente em obra viária deixa 3 mortos e 2 desaparecidos em Piracicaba (SP); obra é embargada
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