*Wannabe: gíria da língua inglesa, junção dos
verbos "want" e "to be". É um termo pejorativo que se
refere a pessoas que querem ser alguém ou algo que não são. "querer
ser"
Por Umar Haque
08 de julho de 2013
Nós precisamos de uma nova geração de líderes. E precisamos disso agora.
Estamos no meio do Grande Delírio – uma histórica falta de liderança,
precisamente quando nós mais precisamos dela. Por isto está difícil, olhando em
volta, até mesmo lembrar o que é liderança. Nós estamos rodeados por pessoas
que são especialistas em ganhar – eleições, negociações, títulos, bônus,
operações de salvamento, lucro. E frequentemente, nós estamos dizendo: eles são
os únicos que devemos admirar – porque é a pilhagem e o espólio que realmente
importam.
Mas você sabe e eu sei: meros ganhadores não são verdadeiros líderes – não
só porque apostar em sistemas falidos não é nada além de uma farsa vazia de viver;
mas porque a vida não é um jogo. Isto não é sobre o que você tem, e quanto tem
– mas o que você faz, e por que – se você está vivendo uma vida que importe.
Liderança – verdadeira liderança – é uma arte perdida. Líderes não nos
lideram até um lugar – mas para um tipo diferente de destino: para o nosso
melhor, eus verdadeiros. É um ato de amor em face um mundo incerto.
Talvez, então, é por isso que há tão pouca liderança por aí: porque nós
temos medo até de dizer a palavra amor – muito
menos para senti-lo, pesá-lo,
medi-lo, permiti-lo, admiti-lo, acreditar nele, e assim ser transformado por ele.
Wannabes – com quem eu irei comparar os líderes neste ensaio – são
literalmente isto: wannabes. Eles querem ser quem são líderes, mas não podem:
eles querem os benefícios da liderança, sem os preços; eles querem respeito,
dignidade, e título de liderança, sem liderar pessoas para vidas que importam; eles querem o amor que os líderes merecem, agindo por atos dolorosos,
sem, em troca, ter
a coragem, humildade e sabedoria para
amar.
Quando você pensa sobre chefes, presidentes, e primeiros ministros desta
maneira, eu sugiro que a maioria dos nossos chamados líderes são wannabes:
aqueles que querem ser líderes, sem liderar nenhum de nós a nenhum lugar senão
na estagnação, declínio, fratura, medo, apatia, e conforto, prazeres baratos
que nos entorpecem para tudo isso. Líderes – verdadeiros líderes, aqueles que
honram a palavra – fazem o oposto: eles nos lideram para verdade, ao que vale a
pena, a nobreza, prodígio, imaginação, alegria, desgosto, desafio, rebelião,
sentido. Através do amor, eles nos lideram para viver o que importa; Wannabes
nos empobrecem. Líderes nos enobrecem.
Então aqui estão minhas seis maneiras de começar a ser um (verdadeiro)
líder – e parar de ser apenas outro wannabee.
Obedecer – ou revoltar-se? Você está respondendo a
incentivos – ou reformulando-os? Aqui está a simples diferença entre líderes e
wannabes. Wannabes respondem tediosamente, previsivelmente e adequadamente, a
“incentivos”, como bons robozinhos racionais. Eles fazem isso por dinheiro e acabam sufocados
pelas vidas que
escolheram. Os líderes têm um
papel muito diferente. Eles não
apenas "respondem" tediosamente, roboticamente a "incentivos"
– seu trabalho é um
pouco de revolução. E então eles devem remodelar os incentivos, ao invés de meramente reagir
a eles. Eles têm princípios
mais preciosos do quo bônus do próximo
ano – e, assim, pensam além e mais
verdadeiramente do que apenas sobre o que eles são "incentivados"
a fazer. Se você é facilmente levado a desistir
do que realmente é precioso para
você por um bônus um pouco maior,
aqui está o fato simples: você não é um verdadeiro líder.
Conformar-se
– ou rebelar-se? Você está quebrando regras ou seguindo-as? As
regras estão aí por um motivo: para reprimir o desvio, preservar o status quo, e trazer os outliers direito de volta para a média.
Esta é um ideia maravilhosa se você estiver operando uma fábrica de coisas –
mas é uma noção terrível se você estiver tentanto fazer qualquer outra coisa. E
assim, os
líderes devem romper o status quo quebrando as regras, liderando pelo exemplo, = assim os seguidores sabem
que as regras
não apenas podem,
mas devem ser quebradas. Se
você está roendo as unhas seguindo as regras, aqui está o
resultado: você não é um verdadeiro
líder.
Valor – ou valores? Por que as pessoas seguem os
verdadeiros líderes? Porque líderes prometem levá-los em uma jornada que vale a
pena. O wannabe cria “valor” para
os acionistas, para os clientes, para os "consumidores". Mas o líder cria o que
é mais verdadeiro, mais duradouro,
mais ressonante: vidas que verdadeiros seres humanos merecem. E devem fazê-lo evocando nas pessoas valores que
importam, e não apenas o "valor" que é inútil. Qual você
escolheria? Num piscar de olhos, a
maioria das pessoas escolheria o último, porque o valor sem valores é o que a realidade da TV está para um grande
livro: vazia, vaga, estreita, árida. Se
você estiver criando valor –
sem definir valores – você não é um líder: você
é apenas um wannabe.
Visão - ou verdade? O wannabe define uma visão. Com gestual grandiloqüente e magnífico panorama, a visão brilha. O líder tem uma
tarefa mais difícil: dizer a
verdade, claro como o dia, tão
óbvio como o amanhecer, tão
certo como o nascer do sol, tão inevitável como a
noite. A visão é boa, e muitos pensam que uma
Grande Visão é o que inspira as
pessoas. Eles estão errados. Se
você realmente quer inspirar as pessoas,
diga-lhes a verdade: não há nada que
liberta as pessoas como a verdade. O líder diz
a verdade porque a sua tarefa
fundamental é a de elevação:
para produzir nas pessoas seus melhores eus.
E enquanto nós podemos escalar em direção a uma Grande Visão, também é
verdade que o próprio ato de
escalar perpetuamente pode ser o que
nos aprisiona na
vida que realmente não queremos (oi,
Madison Ave, Wall Street, e Silicon Valley). A
verdade é que nos eleva, o
que nos abre para a possibilidade,
o que produz em nós a sensação de que
devemos nos tornar o que fomos feitos para ser, se quisermos viver
uma vida digna – e um dos testes mais seguros de você fazer para saber se é um verdadeiro líder
é saber se você está apenas (bocejo, ombros,
viradade olhos) de modo esperto vendendo uma Grande Visão, ou, ao contrário, ajudando a trazer as pessoas um pouco mais
perto da verdade. E se você tem
que perguntar o que "verdade" é (chamada: mudança climática é real, a
economia global ainda está quebrada,
a ganância não é boa, os banqueiros não
devem ganhar um bilhão de vezes
mais do que os professores, os CEOs não devem ter jatos
privados para uma vida de direção de empresas no
chão, o céu realmente é azul)
- adivinhem? Você
definitivamente não é um líder.
Tiro ao alvo - ou arquitetura? Wannabes são algo como robôs de maximizar-medidas. Dê um conjunto de números que eles devem "atingir", eles trabalharão duro tentando atingi-los. O líder sabe que seu
trabalho é muito diferente: não
apenas para maximizar as medidas
existentes, que são muitas vezes parte
do problema (oi, o PIB, valor
para os acionistas), mas para reimaginar-las. O trabalho do líder
é, fundamentalmente, não apenas
"acertar um alvo" – mas
redesenhar o campo de jogo. Sua arquitetura, e não um mero tiro com arco.
Se você acertar
um alvo, você não é um líder. Você
é apenas mais um performer,
em um jogo cada vez mais sem sentido.
amor - ou Amor.
Muitos de nós, é a verdade, escolhe empregos que nós "amamos" sobre
aqueles que não o fazemos, sacrificando prontamente alguns dólares aqui e ali
no processo. Mas isso não é amor, tanto quanto é prazer. Amor - o verdadeiro
amor, a coisa real, maíusculo-A amor - é muito mais doloroso do que agradável. Ele
nos transforma. E essa é a marca mais segura de um verdadeiro líder. Eles têm
uma sede e não apenas por amor - mas para amar;
uma sede que não pode ser apagada apenas por meio de conquistas, prêmios ou
honrarias. Pode somente, somente ser apagada através da transformação, e é por
isso que os verdadeiros líderes devem, apesar do preço, através da dor, no próprio
coração do desgosto dele mesmo, liderar.
E ainda.
Nós estamos
com medo, você e eu, dessa palavra: amor. Medo do amor, porque o amor é a
substância mais perigosamente explosiva que o mundo já conheceu, e vai conhecer,
e jamais vai poder conhecer. O amor é o que liberta os escravos e escraviza os
livres. Porque o amor, enfim, é tudo: tudo o que temos, quando nos deparamos
com nossos momentos finais, e viermos, a saber, que a vida, enfim, deveria ter
sido maior do que nós, se quisermos sentir como se tivesse importância.
O velho diz: criança, você não deve nunca, nunca acreditar no amor. Amor
é uma heresia. Acredite em nossas máquinas. Acredite em operação e cálculos.
Coloque sua fé em ser seus instrumentos. Nossas máquinas perfeitas trarão a
você perfeição.
Eu acredito que a vida tão fria como o aço só irá produzir um mundo tão cruel como
o gelo. Eu acredito que a racionalidade
fria e o cálculo perfeito pode
nos levar apenas a uma pequena distância
em direção ao coração do que é bom,
verdadeiro e eternamente nobre sobre a
vida. Porque não há nenhum cálculo
de amor. Não há nenhuma equação para a grandeza. Não há algoritmo para a
imaginação, a virtude e o propósito.
Mesmo a máquina perfeita é só uma máquina.
Se nós estamos liderando um ao outro, nós precisaremos da heresia do
amor. Nós devemos gritar desde ontem na linguagem do amor se quisermos liderar
um ao outro. Não apenas para o amanhã, mas para um destino mais digno:
o que encontramos no outro.
É comum dizer que os
líderes "inspiram". Mas isso é apenas metade da história. Líderes nos
inspiram porque eles trazem a tona o melhor de nós. Eles evocam em nós os nosso
mais completo, melhor, mais verdadeiro, mais nobre eu. E é por isso que nós os
amamos - não apenas porque eles pintam retratos de uma vida melhor, mas porque
eles nos impelem a ser os criadores de nós mesmos.